24 de Julho de 2019
O COLETIVO DE EDUCADORES POPULARES DO VALE DO RIBEIRA
vem repudiar a criminosa ação de despejo e demolição de casas do Território Tradicional
do Rio Verde e Grajaúna, na Jureia, ocorrida no dia quatro de julho de 2019, a mando da
Fundação Florestal do Estado de São Paulo sem autorização judicial e manifestar nosso
total apoio e solidariedade às famílias atingidas nesta terrível ação do governo João Dória
(PSDB), sob o argumento de proteger o meio ambiente.
Há pelo menos 33 anos a Secretaria de Meio Ambiente, atualmente Secretaria de
Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), através da Fundação Florestal, vem pressionando
e assediando os povos caiçaras que vivem na Jureia há cerca de oito gerações, em cima do
seu território. Este constante assédio resultou na destruição de casas, mas não de pessoas,
das bravas e justas populações caiçaras, ainda que também cause prejuízos culturais,
psicológicos e econômicos na vida destas pessoas.
Esta secular resistência obteve finalmente uma vitória judicial no último 12 de julho
de 2019, quando o juiz da 1ª Vara Judicial da Comarca de Iguape deferiu o pedido liminar
do morador Edmilson e sua família, que tem os requisitos de tradicionalidade necessários
para permanência no Território do Rio Verde e Grajaúna, impedindo a Fundação Florestal
de continuar a demolição da última casa presente neste território.
Nosso Coletivo reconhece a história dos moradores do território caiçara, em
especial com os educadores populares e professores da Jureia, sendo parte desta construção
feita de forma conjunta. A rica experiência da Escola Caiçara, conduzida por seus
educadores, em parceria com o poder público, é exemplo para o resgate da cultura
tradicional através da educação popular no campo ou apenas Educação do Campo.
Sabemos ainda que enquanto as comunidades permaneceram neste território, jamais
tiveram práticas que degradassem os recursos naturais ou que tivessem impactos
significativos que ameaçasse a fauna e a flora. Pelo contrário, a permanência dos caiçaras
neste território é garantia da conservação ambiental, de forma sustentável e planejada,
valorizando e perpetuando a imponente cultura caiçara.
No atual contexto de ataques dos governos Municipal, Estadual e Federal, é preciso
resistir às investidas que querem separar o povo de seu território e resgatar as práticas de
vida e educacionais que possam empoderá-los de forma autônoma, desenvolvendo projetos
político-pedagógicos e currículos próprios no resgate da estrutura e dos princípios da
Escola Caiçara.
Viva a Cultura Caiçara! Viva as Comunidades Tradicionais! Viva os Povos
Originários!
COLETIVO DE EDUCADORES POPULARES DO VALE DO RIBEIRA
APAE – Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Cananéia
Associação de Capoeira Nosso Senhor do Bonfim – Filhos de Cananéia
Associação Grupo Cultural Tiduca
Coopercanis – Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis de Cananéia
EAACONE – Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras do Vale do
Ribeira
Grupo Arte em Retalhos
Grupo Cheiro do Mato – Produtos Artesanais com Plantas Medicinais do Itapitangui
Grupo Cultural São Gonçalo
SAVC – Sociedade Amigos da Velhice de Cananéia